Boas notícias sobre a pandemia
Viva,
Faço votos para que se encontrem bem. Felizmente, eu e a minha família estamos bem de saúde. Quanto ao resto, enfrentamos todos as mesmas incertezas relativamente ao futuro.
Existem boas notícias relativamente à pandemia por COVID-19.

De acordo com os últimos dados que temos disponíveis, podemos hoje afirmar que a pandemia não é tão perigosa quanto pensámos todos no início. A esmagadora maioria das pessoas que contraem o vírus não irá desenvolver qualquer sintoma, daquelas que desenvolvem sintomas, a esmagadora maioria não precisa de ser internada e recupera dentro de 2/3 semanas, e das pessoas que desenvolvem a doença e são internadas, uma pequena percentagem (geralmente, pessoas muito idosas com outros problemas de saúde associados) acabará por morrer Todas as mortes são trágicas, é verdade. Mas, felizmente, a mortalidade por COVID-19 está muito longe do que se estimava inicialmente.
No início do mês de março a Organização Mundial de Saúde apontava para uma taxa de mortalidade de 3.4 por cento (de todas as pessoas que desenvolviam sintomas) e em meados de março, o agora infame relatório do Kings College de Londres, apontava para valores semelhantes. Estes valores eram realmente assustadores, queriam dizer que 1 em cada 30 pessoas infectadas, e com sintomas, iria perder a vida. Comparações com a pandemia de 1918, que sabemos agora estarem erradas, só fizeram aumentar o medo e a apreensão. Com base nesses números, todas as medias de contenção faziam sentido. Nesse mesmo, dia cancelei as minhas consultas e comecei a limitar os contactos interpessoais, inclusive antes das autoridades portuguesas terem dado instruções nesse sentido. Tal como eu, grande parte dos portugueses seguiram esse caminho, e bem.
Mas eis que, 75 dias depois, todos os dados disponíveis apontam para que a taxa de mortalidade efectiva, no pior cenário, ande à volta dos 0.4 por cento para pessoas que desenvolvem sintomas (não confundir com pessoas que testam positivo, como já referi, a esmagadora maioria das pessoas que testa positivo para o vírus não irá desenvolver qualquer sintoma), mas é provável que o valor médio seja ainda mais baixo, perto dos 0.26 por cento (como aliás foi previsto por um dos primeiros estudos realizados com anticorpos e liderado por John Ioannidis, um dos investigadores médicos mais respeitados a nível mundial), ou até mais baixo, se pensarmos que a grande maioria dos casos fatais são de pessoas idosas com outros problemas de saúde associados.
Assim, de acordo com os dados disponíveis, devemos continuar a manter as indicações das autoridades de saúde para conter a propagação do vírus, e protegendo as pessoas mais vulneráveis, mas sabemos agora que a taxa de mortalidade de uma pessoa infetada que desenvolva sintomas é muito mais baixa do que se estimava inicialmente.
São boas notícias que valem a pena serem divulgadas.
Um grande abraço, com muita energia e saúde.
Até breve,
João Paulo Pestana